quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Meu padrasto me levou ao motel. Eu tinha 12 anos

                                                                           Créditos: everystockphoto.com / Photographer: Lin Pernille



Por L. R., 28 anos

Quando resolvi falar sobre a minha história nesse blog, pensei que seria mais fácil e que sairia de forma natural. E hoje, aqui, sentada no trabalho em frente ao computador, percebo que não é nada fácil contar algo que mudou minha vida completamente.

Tudo começou em 2000 quando minha mãe se casou novamente. Ainda tenho viva a memória de quando ela e meu padrasto retornaram do cartório. Senti uma alegria imensa, pois meus pais se separaram quando eu ainda era um bebê e este padrasto se tornou minha referência como pai.

Menos de 1 ano após esta data tão especial, os abusos começaram.

Não me recordo de números, meses, dias exatos. Eu era uma criança de 12 anos que como em várias famílias era levada pelo homem da casa para o colégio. 

Meu amor de filha por ele não tinha espaço para desconfianças. Até que um dia paramos em frente à escola e o primeiro aliciamento foi feito, como um convite tentador para qualquer criança: faltar à aula para me levar a um lugar agradável, onde ele sempre levava a minha mãe, onde eu iria me sentir muito à vontade, pois lá tinha chocolate, refrigerante, piscina, sauna...

Me lembro de só sentir medo quando ele disse para não contar à minha mãe, mas, mesmo com medo, eu fui.

Chegamos ao lugar "agradável". Quando paramos na entrada do motel, ele me pediu para deitar em seu colo para que ninguém visse que havia uma menor no carro. Pediu a suíte "Pantera", a mais completa e com as garras mais afiadas.

No quarto, ele pediu que eu tirasse a roupa para entrarmos na sauna. Eu não quis, mas ele novamente falou que a minha mãe sempre entrava nua na sauna e que o normal era entrar sem roupa.

Me lembro de sentar ao lado dele, que estava completamente nu. Eu estava gelada na prisão daquele cubículo quente e, logo, ele começou a me tocar, a beijar meus seios e me masturbar.

Tentou me beijar várias vezes, mas eu me esquivava por achar nojento. 

Em seguida, fomos para a banheira. Não houve penetração, mas eu gozei e imediatamente me senti culpada por sentir, e descobrir, o prazer.

Ficamos mais de uma hora no motel e, logo depois, ele me deixou na escola, ainda a tempo de pegar o segundo horário.

Entrei na sala, sentei e me sentia suja.

A cultural culpabilização da vítima e a vergonha já se manifestavam em alguma consciência despertada naquele momento e me tomava o medo de minha mãe nunca me perdoar.

Senti uma necessidade enorme de contar a alguém, mas quem?

Guardei esse segredo por anos, sendo abusada toda semana na cama em que ele se deitava com a minha mãe.